A rapariga da paisagem.

Era uma mulher a observar uma paisagem. Contemplava cada canto com o seu olhar impune ao julgamento da beleza. Ela era real, e estava ali. Soltava um sorriso ingénuo. Não sei se seria da música que ela cantarolava, sussurrando para si mesmo, ou se seria de saber que estava ali, sentada num penedo, mas que podia também estar naquela paisagem bem na margem do rio lá ao fundo, se quisesse. Os seus ombros descaídos e o seu cabelo por fazer condiziam perfeitamente com as ramificações dos pinheiros que abanavam com o vento. Era uma mulher de mente leve, tinha boas energias. Não porque achava que as devia transmitir, mas porque tinha medo de mostrar às pessoas a forma como ela observava a vida, com os seus belos olhos castanhos mas transparentes. Era tanto da paisagem como a paisagem dela, já não consigo imaginar-me a observar aquela paisagem sem ela.