Uma mente perdida, com o futuro dado ao Fado.
Mente jovem, a aprender com os erros e sem planos para o futuro, senão viver.
Nós os dois temos um problema.
Não sei se por ingenuidade minha, ou por já não saber o que é correto. Gostava de tocar no teu corpo, encostar-me no teu peito, na tua pulsação adormecer. Gostava de dizer que te amo, mas não amo mais ninguém para além do meu ego, não foi o amor que me pôs cego. Gostava de poder voltar atrás, com a cabeça do agora para me puxar para trás. Já não sabera amar, acabara por te magoar então. Hoje, exaltam os sentimentos passados do meu ser, que da tanta escuridão passada, ganharam força para se erguer. Não dá para negar, sou um viajante apaixonado, aqui e em todo o lado, preciso de ter cuidado. Vivemos num mundo de loucos, onde o amor é comprado com trocos, a nossa história eterna, fica para um livro de contos. Talvez viva para sempre sozinho, talvez seja o meu destino chorar uma vida de amor que não fui capaz de ter ou uma vida de luxo sem ninguém para me consolar.
O meu mundo.
Pensar é lixado. É como fazer um corte ao longo do nosso corpo com uma faca invisível. Pensar raramente faz-nos leves, mas ignorantes. Pensar em excesso torna-nos capacitados de atingir um mundo novo, assente no abstracionismo. Contudo, faz-nos endoidecer por já não sabermos distinguir a razão dos factos com os nossos ideais. Muitas histórias e experiências foram feitas para demonstrar isto. Sabendo isto, não sei como parar de pensar, não sei parar de ir à varanda num período de 5 minutos com um auricular nos ouvidos e um cigarro na boca, pensando em tudo o que me magoa e em tudo o que me deixa stressado. Parar é complicado, senão impossível. Cada vez que me desligo deste mundo mais me vicio na minha cabeça, enlouquecendo com o tempo. Tendo a noção de que isto me faz mal, não quero parar e, consequentemente, não consigo. Oxalá um dia encontre o meu lugar ou me torne na pessoa que penso ser na minha cabeça. Oxalá um dia consiga por todos os meus pensamentos em prática, e me converta efetivamente numa pessoa perfeita aos meus olhos. Por enquanto mantenho-me ligado, mas não aqui. Os meus olhos claros apresentam-te quem sou, e quem não sou, quando cá não estou.
A Rapariga da Paisagem
Era uma mulher a observar uma paisagem. Contemplava cada canto com o seu olhar impune ao julgamento da beleza. Ela era real, e estava ali. Soltava um sorriso ingénuo. Não sei se seria da música que ela cantarolava, sussurrando para si mesmo, ou se seria de saber que estava ali, sentada num penedo, mas que podia também estar naquela paisagem bem na margem do rio lá ao fundo, se quisesse. Os seus ombros descaídos e o seu cabelo por fazer condiziam perfeitamente com as ramificações dos pinheiros que abanavam com o vento. Era uma mulher de mente leve, tinha boas energias. Não porque achava que as devia transmitir, mas porque tinha medo de mostrar às pessoas a forma como ela observava a vida, com os seus belos olhos castanhos mas transparentes. Era tanto da paisagem como a paisagem dela, já não consigo imaginar-me a observar aquela paisagem sem ela.
Insanidade
Como uma ventania de insanidade e euforia que passa nas fendas do meu coração, sinto por ti uma quebra de segurança no meu sistema nervoso. Um turbilhão de pensamentos invade as minhas artérias e a minha rede neuronal, à medida que vou escrevendo este texto informal. Escrevo porque sem escrever não haveria outra maneira de libertar esta insanidade, beldade esta. Cada migalha de energia que destino ao meu pensamento por ti é projectado num conteúdo em prosa, de realidade crua mas com aparência surreal. Gostava de estar a ser hiperbólico, mas não o sou. Não por falta de recursos, mas por excesso de emoções. Quem diria que um muro de pedra poderia voltar a ser areia! Tudo o que vivi, todo o cimento que coloquei em mim, quebrado apenas com um golpe teu. Dor escorre-me pelas pálpebras e o suor faz-me sentir esvaído em desespero. Sendo dono da razão gostaria de a entregar a alguém, a vitória pode ser dolorosa. Tempo. Tempo. Tempo... Dizem que curas tudo, mas não curas todos. Outrora pudesse desligar o cabo que conecta o cérebro ao meu coração. Será que viveria frio ou morreria em vão?
Voltas, e voltas.
Para os que anseiam viver.
Viver de sonhos outrora objetivos falhados? Não, obrigado. Parar é ficar incapacitado de criatividade e força de vontade. Tentar algo outrora falhado é acreditar num futuro refletido num passado recuperado - não desistir dos objetivos que planeamos no passado mesmo que estes se convertam para sonhos que, à primeira vista, nunca serão realizados. Ir embora não é fugir, mas fugir é ir embora. Podes ir embora e levar-te contigo ou optar por deixar cá uma parte de ti. Se és tu que conduzes a tua vida não olhes para o lado. O poder está em ti e com ele as decisões e as responsabilidades. Se fosse fácil, qual seria a piada? É pela tua aura inibida da sociedade alheia que muito bicho se guia. Pois tudo o que é bicho adora a luz que não é sua, até mesmo os que se armam em pirilampos. Então não ligues aos zumbidos, apenas avança com a luz que só tu alcanças, a luz que controlas juntamente com o poder e força de vontade que nela colocas. Se há algo que te posso dizer, é que a vida dá voltas, e voltas e voltas. Até que um dia voltas, com novas vitórias. E que os meus textos intemporais te façam abstrair das tuas derrotas, e te lancem para um plano de reflexão, onde aprenderás a lição.
Discrepâncias da Fase Adulta
Sendo eu um mero pedaço de alma neste mundo repleto de oportunidades, sinto medo e uma certa "falta de perspetiva" quando penso em toda a imensidão de tudo o que me rodeia. Empresas, pessoas sucedidas, viagens, loucuras, feitos e histórias (algumas talvez inventadas) das quais me motivo para o meu futuro e tento criar a minha própria vibe, para deixar uma marca única neste lugar, como uma criança que deixa a impressão da sua mão numa parede com muitas outras marcas. Umas maiores outras mais pequenas. Penso no que realmente importa para minha felicidade, se é o que eu vou fazer daqui para a frente, ou se é a forma como me guio com o vento, neste momento. A minha cabeça é um furacão repleto de ideias e planos, tendo já eu a certeza de que nem metade destes conseguirei cumprir, ou sequer começar. Sei que não sou o único aqui, neste degrau da escadaria, mas sinto que sou só eu. Sinto que todas as decisões daqui para a frente serão de inteira responsabilidade minha. Durante toda a minha vida desejei chegar até aqui, ser alguém livre e com um grande potencial. Agora que aqui estou, sinto que estou perdido, como quem está no meio de mil portas iguais e sem letreiro em cima. Mesmo achando que não sou maluco de todo, sinto que o que eu quero para mim é completamente diferente de tudo o que os outros querem. Algumas pessoas sonham mas não acabam por realizar, outras não sonham porque sempre realizaram, eu sonho com a ambição de um dia realizar o que eu quero, à minha maneira e sem nunca ser engolido pelas "normas" que a sociedade quase nos obriga a impor sobre nós mesmos. Descrevo-me como um aventureiro no início da sua jornada por um caminho desconhecido, um doido que faz as coisas sem saber porquê. Estudo numa área que gosto, tenho os melhores amigos do mundo, e mesmo assim sinto que há tanto para fazer. O que me motivava antes já não é o que me motiva agora. Não ter algo para me motivar é exatamente a minha motivação: ser livre de pensar, ser consciente e ao mesmo tempo perder a cabeça, ser inteligente e ao mesmo tempo fazer coisas estúpidas. Sou jovem, com ambição das coisas que ainda não consegui fazer.
O coração frio é o que mais queima.
"Experiências de um passado no qual já não nos reconhecemos são maioritariamente erros. Erros estes que nunca descobrimos de onde vêm, ou de como os cometemos, mas que arrefecem a nossa euforia de viver e, consequentemente, nos fazem crescer."
Achamos que crescer significa ser mais sério e mais frio na nossa forma de ver o mundo, quando devia ser ao contrário. Um amor que nos destruiu deixa-nos de perna atrás quando achamos que finalmente ultrapassamos (na verdade, isso vai-nos assombrar para o resto da vida) . A partida de alguém que amamos com todas as nossas forças deixa-nos inconscientemente de coração mais afastado de toda a gente. Esperamos que as pessoas olhem para os nossos olhos e vejam através deles a dor que sentimos quando estamos em baixo, e esperamos que compreendam e não nos chateiem tanto, ou que não se preocupem por tanto nos amar. Esquece-mo-nos de dar um abraço a alguém e de sair para desabafar, apenas porque queremos guardar tudo para nós, com a ilusão de que isso nos faz bem. A frieza à qual chamamos "crescer" é a principal fonte de destruição nas nossas vidas, é o principal motivo por deixarmos de falar com pessoas que já nos deram tanto. Crescer não devia significar ser um durão por ter ultrapassado isto e aquilo, nem devia ser uma grandeza que mede a nossa capacidade de nos levantarmos face um problema qualquer. Crescer devia ser a junção disso com a capacidade de continuarmos a viver com amor e coração aberto. Corações frios não acompanham cabeças quentes, porque acabam por explodir. A frieza que nos corre na alma não devia ser um motivo de orgulho, porque apenas nos faz ser mais materialistas e superficiais para quem sempre nos quis bem. Dá um certo jeito no mundo de trabalho, sim, mas o trabalho não é tudo, nem perto. Trocaria um ano de trabalho por uma noite de desabafos com as pessoas que mais adoro. Pensemos assim, o mundo é demasiado colorido para tentar vê-lo apenas a preto e branco.
Luminosidade
"O ser humano sempre teve necessidade de criar luz, e a luz sempre foi sinónimo de progresso, inspiração." - Valete
Cada pessoa é uma fonte de energia. Temos todos em comum o sangue quente que nos corre nas veias. Podemos converter a energia em calor ou em luz. A capacidade de criar uma fonte de luz nas nossas vidas está de mãos dadas com a nossa capacidade de sermos bons líderes. Através da luz somos guiados e esta é uma palavra muito forte para se dirigir apenas a um fenómeno electromagnético. De facto, a luz é a marca que deixamos no mundo, uma vez que mesmo partindo a nossa luz jamais desaparece. Podemos associar a luminosidade à forma como as pessoas se aproximam e se afastam. Quando alguém precisa de luz, procura-a noutra pessoa. Não podemos julgar uma pessoa que saia da nossa beira por ter ganho a sua própria fonte de energia com a nossa ajuda e devemos valorizar aqueles que optam por juntar a sua luz com a nossa, de modo a criar ainda mais força, poder. Quando nos preocupamos com as pessoas que gostamos, partilhamos um pouco do que temos, criamos uma rede de energia e tornamo-nos felizes por nos sentirmos ainda mais fortes. Vemos isso em certas amizades, na família ou numa pessoa que amamos. Não passamos de estrelas num céu limpo. Fazemos as nossas constelações e damos força às luzes mais fracas. Partilhamos fluxo de informação com os outros, somos influenciados por forças mais poderosas do que nós enquanto criamos a nossa própria identidade. Nunca desistamos da luz que criamos sobre os outros. Sejamos grandes líderes, sejamos incríveis e brilhantes, ligados à rede que cria o mundo que vivemos.
Des-Aparece
Qual é o mal de eu ser maluco? Será que a vida só é correta se arranjar um trabalho, encontrar a minha cara metade, ter filhos e morrer? Não digo que não seja a obrigação de uma pessoa trabalhar (precisamos de nos sustentar) nem digo que o amor entre pais e filhos é ridículo. Não sei o que é ter um filho, mas amo os meus pais. Apenas questiono-me se viver como uma cadeia de acontecimentos pré-projetados por outra pessoa qualquer é a melhor forma de eu viver a minha vida. Na verdade, a morte é incerta demais para andarmos com pré-faseamentos e projeções daquilo que temos de fazer. Sonhar é bom, é o que nos dá poder e força de vontade, mas lá por sonharmos e adquirirmos objetivos ao longo do tempo não significa que tenhamos de seguir isso a rigor. Sou novo e já me apercebi que nada corre como planeamos, nunca. E eu não fecho os olhos a todas as oportunidades que a vida me dá. Também se pode chamar a isso "alternativas". No secundário recordo-me perfeitamente de sonhar ser um ótimo programador, trabalhar numa empresa à séria, ser uma pessoa às direitas e ter a minha vida sossegada, no meu canto. É uma longa história explicar agora porque é que do nada mudei muito a minha forma de ver as coisas, mas o que quero dizer com tudo isto é que não podemos planear coisas quando nos sentimos bem ou quando nos sentimos seguros. Infelizmente (ou não) a segurança na vida é sinónimo de ausência de algo, a falta de algo. Durante tanto tempo temi a insegurança e adorava fechar-me no meu canto. Agora só estou bem se estiver perdido e não souber o que fazer. Talvez seja um maluco, talvez tenha um problema, ou talvez não tenha nada e simplesmente queira criar o meu próprio estereótipo de como viver, uma "alternativa". Gostaria de um dia ser um engenheiro, tal como gostaria de um dia fazer uma viagem pelo mundo fora! Continuo a ter os meus sonhos, mas sonho-os enquanto vivo no presente e não me preparo para algo que pode vir a não acontecer. Sou capaz de desaparecer de um dia para o outro para viajar, se conseguir. Sou capaz de pegar no meu carro e fumar um cigarro acompanhado por uma vista lindíssima no Bom Jesus. "Tu és doido?" Sim! Sou doido, mas sou livre e tenho a minha própria forma de pensar. Claro, não sou uma pessoa muito responsável, nem sou a melhor pessoa para se contar quando alguém quer algo pacífico de mim. Não, sou uma pessoa que não sabe muito bem onde anda, mas é feliz por andar perdido, desalmado e com a fé no presente e em Deus.
Cabeçadas
É incrível como eu consigo ser tão estúpido... O que é que me importava antes de chegar a este patamar que nem chão tem? Importava tentar ter umas notas boas e aguentar até às férias de verão, talvez, com o dinheiro a sair da carteira dos meus pais, sem grandes stresses e preocupações. Ia dando umas quedas, mas sem grande significância. Eram apenas escorregadelas em relação à gravidade de um mero erro que faço agora. Ser honesto e parcial com as pessoas ao meu redor era o mínimo das minhas preocupações, vivia um bocado no meu mundo e nem me preocupava com muito mais. Tinha os meus amigos da escola, a minha namorada que dificilmente me deixava porque era muito fácil de criar uma ilusão dentro de um estilo de vida que já por si não era o correto. O pior foi ter achado que estava tudo correto. Se pudesse falar na televisão em frente a todos os que estão agora na fase de transição para o ensino superior ou trabalho, diria para se preocuparem mais ainda com as atitudes que vão tomar depois de saírem daquela rotina, daquele cubículo educacional que informa mas nada ensina. Talvez por causa dos erros que fiz no passado não goste tanto de olhar para trás, contudo, foram os melhores tempos da minha vida, pelo menos por agora. Era simples e feliz. Os amigos que ficaram são para a vida, quanto à namorada, foi o meu primeiro amor, aprendi muito com o que passamos, mas o primeiro amor tem muito que se lhe diga. A impressão que me dá é que ainda hoje não consigo explicar a cem por cento o que se passou entre nós, mas diria que ambos fomos apanhados pelo imenso turbilhão de escolhas e decisões que nos forçaram a seguir caminhos distintos. Quanto aos meus amigos, tenho muito orgulho deles, adoro vê-los e fazê-los felizes, tal como eles me fazem a mim. A prova de que estão a esforçar-se para acompanhar o meu progresso na vida enquanto têm de lutar individualmente e vice-versa. Agora preciso de ser muito mais para os outros do que aquilo que era antes. Preciso de falar e de exprimir o que sinto para apanhar a carruagem, preciso de saber ser honesto apesar de saber que podem haver consequências para mim, preciso de ser profissional e esconder o meu lado fraco no mercado de trabalho, preciso de ter energia para estudar e tirar a minha licenciatura. É mesmo muita coisa ao mesmo tempo e tenho dado cabeçadas em todas as paredes.